Galiza
Comunidade autônoma
espanhola
A Galiza, uma comunidade autônoma no noroeste da Espanha, é uma região
verdejante com uma costa atlântica. A catedral da capital regional
Santiago de Compostela é o suposto local de sepultamento do apóstolo
bíblico São Tiago Maior, e destino para aqueles que percorrem a rota de
peregrinação dos Caminhos de Santiago. Os penhascos ocidentais do Cabo
Finisterra eram considerados pelos romanos o fim do mundo conhecido.
História:
A
palavra “Galiza” vem do celta galaicos (atualmente galeg
os), povo que
lá vivia quando a região foi conquistada pelas legiões romanas (cerca de
137 a.C). ... A partir do ano de 410, aproximadamente, na Galiza
formou-se o reino independente dos suevos, que foram dominados pelos
visigodos em 585.
3 razões pelas quais
Portugal e a Galiza deveriam ser um único país
Portugal tem uma forte conexão histórica com a Galiza, já que o Reino de
Portugal se converteu num estado independente em 1143 a partir do
primogênito Condado Portucalense, que antes era parte do Reino da
Galiza. Naquela altura, o Condado Portucalense já se estendia desde o
rio Minho e Trás-os-Montes até ao Condado de Coimbra e Viseu. Visitar a
Galiza é como entrar num país que nos é familiar, tantas são as
semelhanças entre esta região espanhola e Portugal.
Porém, consumada a separação entre o Condado Portucalense e o Reino da
Galiza, com a aparição do Reino de Portugal, a Galiza e Portugal
seguiram caminhos completamente diferentes.
O Reino da Galiza foi abolido com o tempo e incorporado plenamente na
Espanha em 1833, depois dum longo processo de castelhanização a nível
social, cultural e linguístico.
Porém, ainda hoje, quase um milênio depois da separação política entre
Portugal e a Galiza, os cidadãos de ambos lados da fronteira compartem
uma identidade cultural.
Sobretudo há a destacar que o idioma português e o galego são
consideradas por alguns como línguas irmãs, derivadas do
galaico-português, também denominado português arcaico; outros as
consideram como duas variedades da mesma língua.
Galécia
Mas quais as razões pelas quais Portugal e a Galiza deveriam ser um
único país?
1. A história em comum
Portugal e a Galiza foram, durante séculos, parte da mesma província
romana, a Galécia e mais tarde foram parte do Reino Suevo. A Galécia
passou de ser uma província romana a albergar um reino pelas mãos dos
suevos.
A Galécia possuía proporções muito maiores do que a atual Galiza, cujos
limites permaneceram praticamente intactos até ao século XII, momento no
qual Portugal deixou de pertencer à Galiza e ao Reino de Leão para
passar a ter personalidade própria.
2. A mesma língua
A língua galega vem do galego-português, que expandiu-se para sul
juntamente com a expansão da Reconquista Cristã sobrepondo-se ao
dialetos moçárabes, ou seja, à língua falada pelos cristãos sob domínio
muçulmano. Era língua autóctone a norte do rio Douro e língua de
colonização a sul do mesmo
Com a proclamação de Portugal como um estado independente, a Galiza
ficou confinada ao extremo noroeste da península Ibérica. Portugal e
Galiza perderam a sua comunicação/ligação, com esta independência, o que
viria a ser crucial em termos de língua.
A Galiza por não ter conseguido albergar a capital, Braga, não passaria
de uma variedade regional do castelhano. A versão centro-meridional do
galego (hoje português) estabeleceu a sua capital em Lisboa em meados do
século XIII, estabelecimento esse que teve um impacto irreversível em
termos linguísticos.
3. Uma economia pujante
Poderíamos definir a Portugaliza como um espaço com fortes ligações
históricas, geográficas, econômicas, culturais e linguísticas, espaço
este que abrange Portugal e a Galiza, que se enquadra na faixa atlântica
da península ibérica ,com uma população de 13 milhões e 700 mil de
habitantes e um PIB de 300.000.000.
Os principais centros culturais, políticos, econômicos e acadêmicos são
Lisboa, que na acepção de área urbana entre Setúbal e Torres Vedras,
conta com cerca de 3 milhões de habitantes, o Porto, que na acepção de
área urbana entre Espinho, Gondomar e Vila do Conde conta cerca de 1,5
milhões de habitantes, seguindo-se depois a Corunha, Vigo, Braga,
Coimbra, Santiago de Compostela, Leiria e Faro.
Essa grande frente atlântica da Península, da Corunha a Faro, poderia
vir a ser um imenso projeto econômico, assente numa base sociocultural
única, forte e homogênea, de ordem cultural e linguística, com enorme
poder de atração ao serviço da comunidade mundial dos Países Lusófonos.
GALÍCIA, UMA
TERRA DE CULTURA E TURISMO
A Galícia é formada pelas províncias de Corunha, Lugo, Ourense e
Pontevedra. A cidade de Santiago de Compostela é a capital, localizada
na província da Corunha.
GALÍCIA E SUA HISTÓRIA MILENAR
A história da Galícia remete a tempos muito antigos. Há sítios
arqueológicos, como na Caverna Eirós, onde foi relatada a presença de
Neandertais. Há reservas também da era Paleolítica no Baixo Minho e em
Ourense. Entretanto, a primeira grande cultura identificada foi no
Megalítico (5000 a.C).
Caracterizava-se por capacidade construtora e arquitetônica, junto com
algum sentido espiritual e religioso. Estima-se que esta sociedade
estava organizada num tipo de estrutura de clãs. Milhares de túmulos
foram identificados por todo o território, já que possuiam uma câmara
funerária conhecida como Dólmen.
Galícia Celta
A cultura Celta, muito evidente até os dias atuais, veio na segunda
metade da Idade do Ferro (Séc XI a.C.). Trouxeram a utilização do ferro,
importado do Oriente através da migração de tribos indo-europeias. A
partir de 1.200 a.C. começaram a chegar na Europa Ocidental,
permanecendo até o Império Romano.
O primeiro povo Celta que invade Galícia é o dos Saefes, no século XI
a.C. Os Celtas influirão sobretudo na religião, na organização política
e nas relações marítimas com a Bretanha. Además, dizia-se que eram os
mais difíceis de vencer de toda a Lusitânia.
A mesclagem
com a Cultura Castrense: Os Castros
Construíam recintos fortificados de forma circular, providos de um ou
vários muros concêntricos. Vinham precedidos geralmente de um fosso, e
se situavam na cimeira das colinas e alguns costeiros.
Entre os Castros do interior, podem mencionar-se os de Castromao e
Viladonga. Entre os costeiros, destacam-se os de Fazouro, Santa Trega,
Baroña e O Neixón. Comum a todos eles é o fato de que o homem se adapta
ao terreno e não ao contrário.
Os Galaicos: a
maior resistência contra os Romanos
Estas tribos Celtas-Castrenses foram chamadas de Galaicos pelos Romanos.
A designação celebra a forte resistência dada por este povo aos romanos
e se estendem às restantes tribos do noroeste peninsula. A primeira
referência histórica aos Galaicos é feita após o Império Romano notar a
dificuldade de se vencer aquele povo.
A primeira vez que se registra uma derrota dos Galaicos foi no confronto
com Décimo Júnio Bruto, que pela proeza de os derrotar, tomou o cognome
de “O Galaico”. Foi então criada a divisão administrativa da Gallaecia,
que tinha limites com o Douro, o Atlântico e a Tarraconensis.
A Gallaecia estava dividida em três conventus: a Lucense, a Bracarense e
a Asturicense e sua capital era Braga. A divisão correspondia à divisão
feita às tribos que a compunham: os ártabros, os gróvios e os astures.
Com a chegada dos suevos da Europa central no séc V, a Gallaecia deixa
de ser uma província romana para se tornar finalmente um reino com a
corte fixada em Braga. Após a batalha de Vouillé em 507, os visigodos
são expulsos da Gália pelos francos, sob o comando de Clóvis I.
Os Muçulmanos
na Península Ibérica
A expansão muçulmana, ocorreu a partir do séc VIII. Tropas islâmicas do
Norte de África, sob o comando do general Tárique, cruzaram o estreito
de Gibraltar e venceram Rodrigo, o último rei dos Visigodos da Hispânia,
na batalha de Guadalete.
Nos séculos seguintes, os muçulmanos alargaram suas conquistas na
península, tomando todo o território designado em língua árabe como
Al-Andalus, que governaram por quase oitocentos anos. Os muçulmanos não
conseguiram ocupar a região montanhosa das Astúrias, onde muitos
refugiados resistiram.
Aí surgiria Pelágio das Astúrias, que à frente dos refugiados, venceria
uma batalha covarde, restando apenas 10 soldados. Iniciou-se
imediatamente um movimento para reconquistar o território perdido. A
reconquista foi o nome dado a este movimento cristão, com início no séc
VIII, de recuperação das terras dos Visigodos.
Surgiu a Guerra Santa, pela cruz cristã, na época das Cruzadas (1096). A
reconquista do território peninsular durou cerca de 8 séculos. Em 1492
terminou com a tomada do reino muçulmano de Granada. Em Portugal,
terminou com a conquista de Silves pelas forças de Afonso III, em 1253.
Alguns consideram a expansão marítima portuguesa, uma continuação da
Reconquista.
A evolução da
geopolítica Galega
Diversas designações vieram, derivadas de Hispania e Galécia, durante a
Idade Média. No século XII, começou a se fragmentar:
Em 1108 veio a
independência de Portugal;
Leon (com Astúrias, Estremadura) e Castela, tornavam-se reinos;
No final do século, Galícia, Leon, Castela e Portugal já eram reinos
diferentes.
Até o séc XIX, estava dividida em sete províncias: Mondoñedo, Lugo,
Ourense, Tui, Santiago, Corunha e Betanzos. Depois foram reduzidas a
apenas quatro. Tinha órgãos de governo próprios, sendo eles, a Junta da
Galícia (Xunta de Galiza) e o Parlamento Galego. Portugal foi um destino
migratório para os Galegos, desde o tempo da Reconquista.
Heranças
culturais e a cultura Galega
Os idiomas oficiais são o Galego e o Castelhano. Em várias comarcas de
Leon e Astúrias, fala-se também Galego. Estas comarcas foram separadas
da Galícia no séc XVIII e são reivindicadas como pertencentes à nação
galega.
A Galícia afirma a total distinção entre Galego e Português, porém, em
2003, é feita uma referência ao português nos documentos oficiais da
Real Academia Galega. Há um movimento reintegracionista que defende a
tese de que a língua portuguesa e o galego nunca se separaram realmente.
Variantes ou
dialetos da mesma língua:
A região possui influência Celta e Romana, porém, diferente do resto da
espanha, os árabes não deixaram marcas. O hino da Galícia por exemplo,
elaborado por Eduardo Pondal, refere-se ao local como a nação de Breogán,
que foi um herói Celta. Breogán (mitologia celta) creditado pela
construção da mítica torre que diz-se ter conexão com a famosa Torre de
Hércules. Outros relatos o citam como o fundador da cidade de Brigantium,
que é a atual Corunha.
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