Cabo
Verde
Oficialmente República de Cabo Verde, é um país insular
africano e um arquipélago de origem vulcânica constituído
por dez ilhas. Está localizado no Oceano Atlântico, 640 km a
oeste de Dacar, no Senegal.
Foi descoberto em 1460 por Diogo Gomes ao serviço da coroa
portuguesa, que encontrou as ilhas desabitadas e
aparentemente sem indícios de anterior presença humana. Foi
colônia de Portugal desde o século XV até sua independência
em 1975.
Capital: Praia
Moeda: Escudo cabo-verdiano
Continente: África
População: 555.988 (2020) Banco Mundial
Pontos de interesse: Pico do Fogo, Jardim Botânico
Língua oficial: Língua portuguesa
Governo: República parlamentarista, República
Cabo Verde é uma república democrática semipresidencialista
(parlamentarismo mitigado), com regime multipartidário. O
governo é baseado na constituição de 1980, que instituiu o
regime de partido único, revista em 1990 para introduzir o
multipartidarismo e em 1992 para ajustá-la na totalidade com
os valores da democracia multipartidária.
As eleições são presidenciais (para eleger o Presidente da
República) e legislativas (para eleger os deputados
nacionais), que são eleitos para mandatos de cinco anos. O
presidente do partido com maioria na Assembléia Nacional
(Parlamento) é empossado como primeiro-ministro.
Em 2011, foram realizadas duas eleições: as legislativas, a
6 de Fevereiro, que deram a vitória ao Partido Africano da
Independência de Cabo Verde com maioria absoluta; e as
presidenciais, em 7 de Agosto (primeira volta) e 21 de
Agosto (segunda volta), que deram a vitória a Jorge Carlos
Fonseca (apoiado pelo Movimento para a Democracia) sobre o
candidato Manuel Inocêncio de Sousa (apoiado pelo Partido
Africano da Independência de Cabo Verde), tornando a
primeira vez na história do país em que o presidente da
república e o governo são apoiados por partidos diferentes.
O Presidente da República, a Assembléia Nacional e o
Conselho Superior da Magistratura Judiciária (esses também
eleitos pela Assembléia Nacional) participam na eleição dos
membros do Supremo Tribunal da Justiça.
Cabo Verde é um arquipélago localizado ao largo da costa da
África Ocidental. As ilhas vulcânicas que o compõem são
pequenas e montanhosas. Existe um vulcão ativo, na ilha do
Fogo, que é igualmente o ponto mais elevado do arquipélago,
com 2829 m.
O país é constituído por 10 ilhas, das quais 9 habitadas, e
vários ilhéus desabitados, divididos em dois grupos:
Ao norte, as ilhas de Barlavento. Relacionando de oeste para
leste: Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia (desabitada),
São Nicolau, Sal e Boa Vista. Pertencem ainda ao grupo de
Barlavento os ilhéus desabitados de Branco e Raso, situados
entre Santa Luzia e São Nicolau, o ilhéu dos Pássaros, em
frente à cidade de Mindelo, na ilha de São Vicente e os
ilhéus Rabo de Junco, na costa da ilha do Sal e os ilhéus de
Sal Rei e do Baluarte, na costa da ilha de Boa Vista;
Ao sul, as ilhas de Sotavento. Enumerando de leste para
oeste: Maio, Santiago, Fogo e Brava. O ilhéu de Santa Maria,
em frente à cidade de Praia, na Ilha de Santiago; os ilhéus
Grande, Rombo, Baixo, de Cima, do Rei, Luís Carneiro e o
ilhéu Sapado, situados a cerca de 8 km da ilha Brava e o
ilhéu da Areia, junto à costa dessa mesma ilha.
As maiores ilhas são a de Santiago a sudeste, onde se situa
Praia, a capital do país, e a ilha de Santo Antão, no
extremo noroeste. Praia é também o principal aglomerado
populacional do arquipélago, seguida por Mindelo, na ilha de
São Vicente.
Cabo verde é um estado arquipélago com uma economia
subdesenvolvida e que sofre com uma carência de alternativa
de recursos e com o crescimento populacional. Os principais
meios econômicos são a agricultura, a riqueza marinha do
arquipélago, a prestação de serviços (que corresponde a 80
por cento do produto interno bruto) e, mais recentemente, o
turismo (que tem ganhado crescente relevância).
As principais ilhas turísticas são a Ilha do Sal e a Ilha da
Boa Vista.
A agricultura sofre com os constantes períodos de seca e
carece de uma melhor infra-estrutura e modernização das
técnicas agrícolas; os investimentos que atenderiam a essa
necessidade adviriam de uma melhor educação dos cultivadores
e da organização de um mercado de consumo dos produtos.9 Os
produtos desta agricultura de sequeiro, com base na
associação tradicional do milho e dos feijoeiros anuais,
destinam-se basicamente ao mercado interno cabo-verdiano
(embora não satisfaçam a procura, sendo indispensável uma
importação maciça de alimentos). Também têm se introduzido
novas culturas de produtos e plantas como legumes, frutas e
hortaliças para a distribuição interna do mercado. Os
principais produtos exportados são o café, a banana e a
cana-de-açúcar, que possuem mercados restritos e limitados.
No setor de pescas, vem sendo implantado uma modernização
dos meios artesanais e métodos tradicionais para um melhor
aproveitamento desses recursos. Isso vendo sendo feito
através do apoio de organismos especializados, porém a
rentabilidade da pesca exige uma industrialização do pescado
e a organização dos mercados para que seja escoada a
produção.
Nos dias atuais, o turismo tem se tornado uma importante
fonte econômica para o país, o que dificulta é a questão
estrutural. Cabo Verde necessita de um desenvolvimento das
estradas, portos e aeroportos, de meios de comunicação
rápidos e frequentes, além da criação de uma forte rede
hoteleira que atenda à necessidade dos turistas.
Portugal tem fortemente cooperado e ajudado Cabo Verde a
nível econômico e social, o que resultou na indexação de sua
moeda, o escudo cabo-verdiano, ao euro, e no crescimento de
sua economia interna. O ex-primeiro-ministro de Portugal e
presidente da Comissão Européia no segundo semestre de 2004,
José Durão Barroso, prometeu integrar Cabo Verde à área de
influência da União Européia, através de maior cooperação
com Portugal.
A economia cabo-verdiana desenvolveu-se significativamente
desde o final da década de 2000. Nos dias atuais, esta
transformação é sustentada por um vasto programa de
infraestrutura por parte do governo em domínios vitais como
os transportes terrestres, os transportes marítimos, os
transportes aéreos, as comunicações, entre outros.
O país tem muitos emigrantes espalhados pelo mundo (com
especial foco para Estados Unidos e Portugal) que contribuem
com remessas financeiras significativas para o seu país de
origem.
Culturas e Tradições Caboverdianas
O artesanato tem grande importância na cultura
cabo-verdiana. A tecelagem e a cerâmica são artes muito
apreciadas no país. Produzido para utensílio, para
decoração, o artesanato de Cabo Verde é muito singular e é
verdadeiro instrumento de expressão da cultura popular.
Cultura -
Música
A música é, logo a seguir à língua, a manifestação mais rica
e universal da cultura cabo-verdiana. Fundador de uma nação
nova, a partir de dezenas de culturas de origem, o povo de
Cabo Verde foi burilando modelos originais de cultura
musical, em que as alegrias e tristezas, os encontros e
separações, a terra e o mar, a fome e a abundância, a
solidão e a festa, a saudade, o amor, a vida e a morte se
transformam ora em melopeias dolentes, ora em murmúrios
sentidos, ora ainda em melodias de esperança ou gritos de
alegria e mesmo turbilhões de festejo.
Deste modo, foram-se gerando formas musicais mais ou menos
rudimentares, como as cantigas da monda (guarda-pardal,
guarda-corvo e guarda galinha-mato), tradicionais nas ilhas
agrícolas (Santiago, Santo Antão, S. Nicolau e Brava),
entoadas pelas crianças; na Brava, desenvolve-se um género
de nome bombena, que era entoado em coro nas lides
agrícolas, em jeito de emulação no andamento da faina; em
Santo Antão, onde se generalizou a utilização do trapiche,
surgiram as toadas de aboio, cantadas para encorajar os bois
a acelerarem a passada no terreiro; também no mar se
cantava, retratando as cantigas marítimas de modo
particularmente certeiro a fisionomia do cabo-verdiano e a
sua forte ligação ao mar; particularmente ternas, as
cantigas de ninar, entoadas geralmente pelas avós, que
ficavam em casa a cuidar dos netos enquanto os respetivos
pais laboravam; referência ainda às cantigas de roda, que
animavam as crianças das escolas nos seus recreios,
acompanhadas de mímica corporal; as lenga-lengas, as
ladaínhas (Santo Antão), as rezas religiosas (Santiago), bem
como as divinas (cantadas em polifonia em S. Nicolau) são
emanações das cerimónias do culto católico, mas são
transportadas para fora das igrejas, de modo geral num latim
deturpado.
De citar também as cantigas de carácter pastoril, entoadas
na passagem de ano (S. Silvestre) e pelos Reis (início de
janeiro), com origem nas janeiras e reizadas tradicionais em
Portugal.
Há ainda referências a outros géneros pouco definidos, como
o rill ou o maxixe (variante do landum), ambos na Boavista,
decididamente uma comunidade com uma criatividade musical
notória.
Curiosidade, algumas estórias (storia storia) como Blimunde,
Pastorinho de Cabra ou Nana Tiguera serem cantados com base
na escala pentatónica, usada no extremo oriente.
De grande significado, em diversas ilhas, como Santo Antão,
Fogo ou Boavista, são as festas de romaria, influenciadas
pelas festas dos santos populares em Portugal, mas que
adquiriram em Cabo Verde manifestações, melodias e ritmos
próprios, com tambores, batimentos na borda dos pilões,
comandados por uma mulher idosa, a coladera, que lidera um
coro de mulheres entoando uma melodia pungente e monocórdica,
como uma lamúria, que evoca pessoas e cenas da vida real.
Entre elas, o colá-Son-Djon, que se dança à luz das
fogueiras pelas festas joaninas, em junho, é o expoente
máximo, ao que parece com origem nas umbigadas ou cheganças,
ao tempo proibidas em Portugal.
Também de origem europeia, subsistem em Cabo Verde na sua
versão original (houve entretanto transformações de que se
dá conta abaixo), a valsa, a mazurka e a contra-dança
(country dance, oriunda de Inglaterra).
Vê-se também, uma referência às músicas fúnebres, com
tradição profunda na sociedade cabo-verdiana, que com elas
pretende recordar, por um lado, os entes queridos que se vão
deste mundo e, por outro lado, exorcizar de algum modo a
morte e a tristeza que ela acarreta aos que ficam. A
melopeia das carpideiras, que regularmente irrompem nos
longos e concorridos velórios em Cabo Verde, no meio do
silêncio reverencial que se instala, é de arrepiar.
Batuque ( Dança / Música )
Coladeira ( Dança / Música )
Filarmónicas, orquestras e grupos corais ( Música )
Funaná ( Dança / Música )
Landum ( Dança / Música )
Morna ( Dança / Música )
Morna de Eugénio Tavares ( Música )
Museu da Tabanka em Santa Catarina ( Museus / Música )
Tabanca ( Dança / Música )
Tocatinas e serenatas ( Música )
A CULTURA QUE CONTA A HISTÓRIA DO POVO
A cultura de um povo é muitas coisas. É a música que se faz,
os sabores que se juntam, as palavras que ganham nova vida
às mãos dos poetas, são as gargalhadas nas ruas ou
escondidas dentro de portas, são as mulheres que carregam o
mercado à cabeça e os homens que trazem o jantar do mar, os
pés descalços na poeira, é a moleza da aridez e a vitalidade
do mar. A cultura cabo-verdiana está no leve leve do tempo,
nas conversas na soleira da porta e nas caminhadas pelas
vilas.
A
herança mista do povo cabo-verdiano
A herança mista do povo cabo-verdianoCIDADE VELHA, ILHA DE
SANTIAGO, ROTA DOS ESCRAVOS
Os cabo-verdianos são um povo de ascendência mista, filhos
de africanos (livres ou escravos) - originários dos povos
Fulani, Balante e Mandyako -, portugueses, italianos,
franceses e espanhóis. Também têm raízes em judeus
sefarditas, que foram expulsos da Península Ibérica durante
a Inquisição, e fizeram parte dos primeiros colonizadores
das ilhas. Este cruzamento de etnias pode ser traduzido em
números: 70% de população é mestiça, pouco mais de 25% é de
etnia negra, e apenas 1% são caucasianos.
A língua oficial é o português, ensinado nas escolas e
falado na administração pública, imprensa e publicações. A
língua nacional, que impera nas ruas, é o crioulo
cabo-verdiano, de base lexical portuguesa, nascido nas
sanzalas, pouco depois da povoação das ilhas, para facilitar
a comunicação entre escravos. Uma língua crioula nasce em
comunidades tão culturalmente distintas, que nenhuma das
línguas naturais faladas por cada falante serve o
entendimento de todos. Ainda hoje a força do crioulo é
tamanha, que é a segunda língua para milhares de
descendentes de cabo-verdianos ao redor do mundo.
Um grande número de cabo-verdianos está espalhado pelo
mundo. É na diáspora - a 11ª ilha -, onde vivem mais
cabo-verdianos do que no arquipélago. A força da emigração é
antiga, começou como fuga do tráfico de escravos. Durante o
período do colonialismo português, muitos cabo-verdianos,
homens e mulheres, serviram na África Lusófona como
funcionários e trabalhadores coloniais, embarcaram como
marinheiros mercantes, estivadores nos baleeiros ou
emigraram para servir como empregadas domésticas na Europa.
A
música como traço umbilical da cultura cabo-verdiana
A MÚSICA É A MAIOR E MAIS RICA EXPRESSÃO DA CULTURA
CABO-VERDIANA
No final do século XIX um forte movimento artístico começou
a crescer, com escritores e poetas notáveis à cabeça. Entre
1936 e 1960, a revista cultural Claridade foi o centro de um
movimento artístico que marcou a rutura com as tradições
literárias portuguesas e estabeleceu uma identidade
cabo-verdiana. Baltasar Lopes da Silva e Eugénio Tavares,
poetas nacionais, são figuras importantes desse período
transformador. Os escritores que os seguiram deram mais
forma à cultura cabo-verdiana, ao incluírem o crioulo nas
suas criações.
Depois da língua crioula, a música é a maior e mais rica
expressão da cultura cabo-verdiana. Era a única forma do
povo se expressar, legalmente, durante o colonialismo. Por
isso, ganhou força e identidade. Corre na traça das ruas, no
sangue das gentes, nos pequenos tudo dos dias. Ora o
murmúrio do embalo de uma morna, depois um funaná acelerado,
a Cesária toca ao fundo na rádio, um par de guitarras à
desgarrada na praça ou um grupo de batucadeiras a encher o
ar de vida e ritmo.
É expressão artística, é resistência, é liberdade e é um
profundo orgulho cabo-verdiano, um sentido de comunidade que
todos junta numa roda de dança. Foi este espírito comum que
forjou um povo generoso e hospitaleiro. Partilhar é a forma
de vida em Cabo Verde. E começa no prato. A grande panela de
cachupa será distribuída por quem se senta na mesa de casa,
pelos vizinhos, e também por desconhecidos, que são chamados
a saborear a iguaria como família.
O
artesanato cabo-verdiano está vivo
No arquipélago, a arte varia de ilha para ilha. Na Boa
Vista, Sal e Maio, são as peças em cerâmica de terracota. Na
ilha do Fogo, são as esculturas de lava, o vinho produzido a
partir de uvas cultivadas na própria lava, licores, compota
de fruta e um queijo de cabra dos deuses. Em S. Vicente são
produzidos instrumentos de cordas, como guitarras, violões,
violinos e violinos, pinturas em tecidos, bijuterias de
corais e conchas, objetos de pedra e cerâmicas de vidro.
Santo Antão é famosa pelos seus licores, o grogue (a
aguardente local), o pontche (mistura de grogue e
cana-de-açúcar) e a cestaria. Na Brava, há rendas e
bordados. Na ilha de Santiago, brilham as peças em coco,
bolsas de sisal, cestaria (balaios), licores. E os
tradicionais panos cabo-verdianos, os panu di terra, um
tecido centenário, tradicionalmente feito em preto e branco,
com padrões geométricos.
Antigamente, era usado pelas mulheres, amarrado à cinta, a
prendar o cabelo, para carregar as crianças ou para dançar o
batuque. Nos últimos anos ganharam nova vida, são agora
usados para decoração, roupa, calçado e acessórios. No
princípio, os panos eram confeccionados com algodão local,
cultivado e trabalhado pelos escravos, hoje em dia, são
feitos com linhas importadas do Senegal. Nos séculos XVI, e
até finais do século XIX, estes panos foram uma importante
moeda de troca nas transações de escravos, tendo contribuído
para a prosperidade do arquipélago.
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